FC Explicada - Felipe Schmidt



_ Este planeta (1) é meu !
Gritou ao pisar no solo desolado de Marte (2).
Acabara de sair vivo dos escombros (3) do que fora a primeira missão privada (4) ao planeta.

(1) Palavra chave para indicar que poderá ser um conto de FC
(2) Alusão indireta ao tema : planeta vermelho. Metade vai dizer que é forçado.
(3) Referência indireta a um veiculo espacial, caracterizando o gênero FC. Deixa claro também que a missão deu errada e que o cara se fodeu.
(4) Tem conotação política e significa :
a. que os vermelhos não dominaram a terra, segunda referência ao tema. A outra metade vai dizer que foi forçada;
b. que a iniciativa privada vai de vento em pôpa;
c. que o mundo não foi destruido por uma guerra nuclear ou epidemia e
d. que continuarão existindo loucos que farão de tudo para aparecer, como ir a marte em um foguete feito na garagem.


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Sede - Ana Carolina Silveira
35 palavras


Sua língua buscava com avidez o sangue que escapava, tingindo de rubro o
pescoço de marfim. O que era a vida que fluía de sua vítima perto das gotas
de eternidade que sorvia com furor?



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Verde - George Amaral
105 palavras



Dolores sempre dizia adorar o verde das maçãs maduras, das rosas em seu
jardim, do pôr-do-sol à varanda. Sua cor preferida era o verde. Havia até
pintado a fachada de sua casa e só usava roupas desta cor. Colocou um grande
lampião verde à porta de entrada e lhe pareceu que os homens também gostavam
da cor, pois sempre paravam em frente e a ficavam olhando, tímidos. Alguns
até tocavam a campainha e lhe agradeciam com carícias e dinheiro. Um dia
perguntou à sua vizinha se ela também gostava tanto assim de verde. Ela
estranhou e disse que não havia verde nenhum ali! Apenas azul!

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Fênix - Ana Carolina Silveira
66 palavras

Microconto Vencedor da Rodada!


Podia sentir na pele o rubro das chamas que a cobriam, a invadiam, a
destruíam;
Seus olhos se fecharam, apenas o silêncio se fez.
Pouco a pouco, podia ouvir o sangue que por suas novas veias fluía;
Um carmesim renovado, para viver outra vez.
A casca foi quebrada, as asas surgiram, os olhos escarlate se abriram;
E o Sol a encontrou no céu, beijando sua tez.


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Poder - Renato Arfelli
18 palavras


Destruiu cinco planetas e mais umas tantas luas. Ah, que sensação de poder
apertar um pequenino botão vermelho.

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Daltonismo - Léo e só
159 palavras



De verdade: Foram os homenzinhos verdes que tocaram o terror encarnado na
Biblioteca de Alexandria.
Os etezinhos esmeraldas, disfarçados de Ptolomeu VIII, Júlio Cesar,
Imperador Aureliano, o arcebispo cristão Teófilo, Califa Omar etc, mandaram
queimar os livros dos homens. Escarlate, tudo, pelos deuses.
Tebas amanheceu sob o Carro de Apolo que, apalpando o breu, acordou
Tirésias.
_ Por Zeus! - vaticinou o adivinho após um bocejo - Foi só um sonho os
verdinhos.
Afê...Lá me vou, ai, para mais um dia de raivosas verdades. Preciso de um
copo de vinho, maças e azeitonas no café da manhã. Antevejo uma longa
caminhada até o pôr- do -sol, afinal, daqui à pouco, o arauto de Édipo virá
aqui para sinalizar o caminho das minhas horas. Maldita hora em que olhei as
vergonhas de Atena ficarem vermelhas de raiva! Ai Zeus, por que eu não tive
o castigo de Prometeu - pensou Tirésias, enquanto abria os olhos, não
enxergava luz e orientava o seu humor.

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Uma nova velha história - Renato Arfelli
69 palavras


No princípio das Grandes Astronavegações, os terráqueos se depararam com
seres bizarros: pele vermelha, hábitos primitivos, linguagem composta de
sons estranhos e até um rudimento de religião baseada em elementos da
natureza de seu planeta.
Na dúvida se seriam seres realmente pensantes, ou meros animais sem alma,
exterminaram 99% de sua população. E transformaram o planeta dos Vermelhos
em uma reserva para proteger (da própria humanidade?) aqueles que
sobreviveram.


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Massacre! - Fatima Romani
147 palavras


Rowena cavalgava pela planície depois de lançar seu falcão quando viu-se
invadida por uma visão terrificante: sangue!
Por todos os lados, por todo o castelo de seu pai, sua mente só via sangue,
sua boca só sentia sangue!
Assobiou para o falcão, deu meia volta, não estava longe, chegaria logo.
A ponte estava abaixada e, como esperava, corpos espalhados...
Procurou pela família, a mesma coisa, todos pelo chão, mortos, estava só.
Tocou-os, ainda quentes...
Subiu para o seu quarto, para indagar aos espíritos quem teria sido o autor
de tal tragédia.
Uma forma diáfana materializou-se lentamente, Ariel.
"Prepare-se, eles voltarão, levá-la-ei comigo."
"Mas quem fez isso?"
"O passado de seu pai voltou para cobrar dívidas de sangue, espectros se
materializaram e acabaram com todos."
"Deixar tudo para trás?"
"Sim, sua missão aqui agora acabou."
Os dois partiram, mas a mente de Rowena só enxergava a cor vermelha...



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Expectativa - Ana Cristina Rodrigues
26 palavras


O alquimista queimou a pena vermelha na fogueira do seu laboratório,
esperando uma fênix que o tornaria rei. A fera escarlate que surgiu
transformou-o em almoço.

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Antíteses - Lucas De Lima Rocha
51 palavras

Quando a primeira flecha atingiu-me, tinha dezesseis anos. Eros atirou-a, e,
desde então, não penso em mais ninguém senão Helena.
Agora, aos dezoito, outra flecha atinge-me. Caio, anestesiado pela dor.
Helena ainda vaga pelos vales sombrios de meus pensamentos. Amor e dor
deixam de ser rimas estúpidas. Nunca estiveram tão próximos.


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Bebida revigorante - Felipe Andrade
62 palavras


O líquido vermelho escorreu suavemente por sua garganta. Seus companheiros
diziam que a noite não seria a mesma depois de beber aquilo. Realmente já
começava a se sentir mais alegre. Não parou de tomar até que engolisse a
última gota. Então foi embora aproveitar a madrugada com um brilho renovado,
deixando para trás uma vítima pálida e com dois furos no pescoço.


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Espelhos d'Alma - Aguinaldo I. Peres
17 palavras


Ela olhou para ele que olhava para além dela.
Amor, medo.
Azuis em castanhos, castanhos em... vermelhos!

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Ciclo Lunar - Carlos Relva
64 palavras


O feiticeiro ogro olhou para o céu:
- Lua vermelha. Lua certa para saquear! Os anões estão caçando e a aldeia
está desprotegida.
O feiticeiro ficou na mata, aguardando o retorno dos ogros.
- O que houve? - perguntou quando voltaram. - Onde está o saque? Cadê o
restante do grupo?
- Lua vermelha. Lua errada! - respondeu um dos ogros, todo esfolado. - As
anãs estavam enfurecidas!

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Vingança - Felipe Andrade
60 palavras

Seus olhos estavam vermelhos e cheios de fúria, queria punir quem fez
aquilo. Se acalmou apenas quando viu extinguir-se o fogo que tinha queimado
toda sua casa e este deixou de refletir em suas pupilas. Mas ainda assim
queria se vingar de quem causou o incêndio, sabia quem era, e mal podia
esperar para lhe cravar os caninos no pescoço.

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Vermelho - Leandro Reis
50 palavras

Quando não restava mais esperança, o plebeu fez-se herói.
Iluminando o céu crepuscular, espalhado em poças no chão, banhando os corpos
sem vida, brilhante nas casas em chamas, refletido nas escamas do inimigo
alado e, agora, tingindo sua espada vitoriosa.
A cor de sua dor, o cenário de sua glória.


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Carmefim - Jaqueline Leal
200 palavras

Aquela visão vermelha povoou todos os seus sonhos infantis. Sonhos de
invasores maus, sonhos de guerras interplanetárias, sonhos de dominação,
sonhos de transformação da mágica paisagem inóspita na sua própria Terra,
para todo o sempre.
Mas Artur não sonhou com o que estava para acontecer.
- Beba.
Ele engoliu o pequenino comprimido e viu o chão de óxido de ferro se
aproximar, árido e lindo como nos seus sonhos.
- Saia.
Saiu cambaleante na gravidade fraca, tropeçando nos pedregulhos do chão sem
os sentir direito, não se sabe se pelas botas super hiper protetoras que
calçava ou se pela inabilidade de lidar com seu próprio peso leve.
Jogou-se devagar no terreno irregular e esperou. Agora, só lhe restava
esperar. Só um pouco.
Observou o ocaso e se emocionou. O Astro-rei, sempre tão imponente,
transformara-se num diminuto disco pálido a se recolher, vergonhoso, por
detrás das colinas avermelhadas das suas quimeras infantis.
Assim como ele. Vergonhosamente reduzido a um criminoso comum, fadado a uma
morte comum.
Ele chorou. Tantos devaneios, tantas fantasias... e a verdade era
simplesmente fria, áspera, solitária... sufocantemente carmesim.
O remédio fez efeito e ele se deitou, resignado.
E o Inferno Marciano abriu suas rubras portas para Artur.

4 comentários:

Aguinaldo disse...

>FC Explicada - Felipe Schmidt
A historinha até que passa, mas as explicações são um porre...

>Sede - Ana Carolina Silveira
Bonito, mas senti a falta de um objetivo...

>Verde - George Amaral
Muito bom George... aquele azul no final quebrou as pernas... :)
OBS: “perguntou à sua vizinha se ela também gostava tanto assim de verde”, o ‘tanto assim’ dá a impressão que a vizinha havia demonstrado apreço pela cor, o que não consta no texto...

>Fênix - Ana Carolina Silveira
Ficou legal em formato de poesia... :)
Mas o ritmo ainda não está o ideal... por ex: tirar os ‘a’ de “, a invadiam, a destruíam”

>Poder - Renato Arfelli
Ficou bom... :)
OBS: Acho que faltou uma virgula entre ‘poder’ e ‘apertar’

>Daltonismo - Léo e só
Que zona!!!... Não fez o mínimo sentido para mim... a começar pelo título... :)

>Uma nova velha história - Renato Arfelli
Você tentou fazer um paralelo com o processo de colonização do passado (ou nem tanto), mas tem uma falha de lógica: se os vermelhos tinham linguagem e religião é obvio que são sapientes. NMHO, essa informação só deveria ter sido apresentada após o extermínio...

>Massacre! - Fatima Romani
Bom, mas ficaria melhor se você priorizasse os sentimentos da Rowena...

>Expectativa - Ana Cristina Rodrigues
Muito bom... :)

>Antíteses - Lucas De Lima Rocha
Paris e Helena, acertei???... :)
OBS: Se ele estava anestesiado, não podia estar sentindo dor... :)

>Bebida revigorante - Felipe Andrade
Muito bom... redondinho... :)

>Espelhos d'Alma - Aguinaldo I. Peres
Será que alguém entendeu???... :)

>Ciclo Lunar - Carlos Relva
Excelente... :-D

>Vingança - Felipe Andrade
Bom, mas faltou algo para fechar a história...

>Vermelho - Leandro Reis
Muito bom... :)

>Carmefim - Jaqueline Leal
Muito bom... mas tão longo... :)

Leo Carrion disse...

>FC Explicada - Felipe Schmidt
Achei que se vc explica demais, mesmo sendo piada, perde um pouco o sentido como um microconto. Mas sempre é bom ver alguém tentando coisas diferentes. Fazer igual só produz resultados já conhecidos.

>Sede - Ana Carolina Silveira
Escrito que soa bonito, mas não é um microconto.

>Verde - George Amaral
Gostei bastante. A idéia é divertida sem ser engraçada no sentido de gargalhadas, sutil e bem escrito. Muito bom realmente.


>Fênix - Ana Carolina Silveira
Gostei, poético e com estilo.

>Poder - Renato Arfelli
Pegou o espírito do microconto. É isso ai.

>Daltonismo - Léo e só
É uma versão caótica e cheia de significados que não sei se vão fazer sentido para 99% das pessoas, de uma idéia semelhante ao micro do George Amaral. Continue escrevendo que tem criatividade de sobra, só falta domar.

>Uma nova velha história - Renato Arfelli
Acho que não ficou um microconto, mas um resumo de um conto ou um plot a ser desenvolvido.

>Massacre! - Fatima Romani
Este seria o caso de desenvolver em miniconto, com mais palavras. Dá pra notar que tem conteúdo, mas ficou muito apressado como micro.

>Expectativa - Ana Cristina Rodrigues
Pegou o jeito. Mas tem que me surpreender mais.

>Antíteses - Lucas De Lima Rocha
Bacana a idéia. Só tem que trabalhar mais o aspecto sugestão do microconto.

>Bebida revigorante - Felipe Andrade
Ficou bom. Mas poderia cortar um pouco do tamanho sem perder.

>Espelhos d'Alma - Aguinaldo I. Peres
Não consegui captar... Talvez seja o narciso?

>Ciclo Lunar - Carlos Relva
Divertido, muito bom. Poderia cortar algo.

>Vingança - Felipe Andrade
A idéia é boa, mas poderia fazer o mesmo microconto com bem menos palavras e talvez mais impacto.

>Vermelho - Leandro Reis
Achei que vc se preocupou muito mais com o tema vermelho do que com sugerir a estória que estava na sua cabeça.

>Carmefim - Jaqueline Leal
Este tb deveria ter sido aumentado, para um miniconto. A idéia é boa, e gostei da escrita. Mas fugiu do conceito, o que pra mim não é nenhum pecado porque isso é um exercício. Valeu.

Anônimo disse...

A Vigança do Felipe traz uma bela cena talhada ao molde dramático, como num filme que mistura ação e terror.

Parabéns!

Anônimo disse...

Espelhos da alma é "aquilo tudo", no jogo cênico do olhar e das cores uma combinação perfeita de sugestão e dedução, cabendo a nós leitores desenhar o cenário e todos os elementos do fio dramático. Estupendo! Fabuloso!

Parabéns!

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