547 Palavras
Frank arriscou uma última olhada pela janelinha do avião. A imensidão da floresta amazônica provocou um nó na garganta, sabia que era questão de anos para virar apenas cartão postal.
Jamal, um cientista que conhecera na Índia, explicou que o conhecimento de Frank era vital para desvendar os segredos de uma descoberta sua. Frank, perito em interfaces bio-digitais, não entendia como suas habilidades seriam úteis na amazônia.
Jamal o recepcionou no aeroporto.
—Como foi o vôo? Seguiremos de barco.
Do uísque 18 anos a cachaça de alambique. Frank era prático, podia ser uma coisa na cidade mas no mato virava um matuto, adaptado as condições rudes do ambiente.
—Estou em “survive mode”. Brincava Frank.
Chegaram ao local da escavação. Frank dirigiu-se rapidamente a câmara subterrânea sob a pirâmide, que estava encoberta pela mata.
―Não sou arqueólogo mas isso aqui não tem nada de Maia. Nem parece com nada da Terra. Disse Frank.
Vestiu algo parecido com um capacete e reconheceu imediatamente a sensação provocada pelas interfaces bio-digitais.
―Estamos diante de uma descoberta que pode mudar a história da humanidade! Disse exaltado.
Entrou em “god mode”. Pensou Jamal.
Nos dias que se sucederam Frank passou maior parte do tempo nas catacumbas.
Um dia saiu como louco:
―Está operando. O artefato é um comunicador e consegui um contato. Vou distribuir as anotações da conversa.
Tumulto geral. Frank não se abalou e foi cochilar, sua missão tinha terminado. No fim da tarde pregou no mural:
Reprodução do diálogo :
Frank― Meu nome é Frank, da Terra.
PK: ―Me chame de planet keeper. Cada planeta tem um responsável. Nós monitoramos o desenvolvimento dos planetas e sabemos que está na terra.
Frank: ―Você é uma pessoa ?
PK:― O que é uma pessoa ? Seu corpo, sua mente, suas memórias ?
Frank― Uma máquina ? Um computador ? O que você faz ?
PK― Uma máquina biológica como você. Estamos acompanhando a evolução da Terra.
Frank: ― Vocês já estiveram na Terra ? Como isso veio parar na terra?
PK: ―Nós só monitoramos. O governo coloca as sondas. Não sei quando este equipamento foi enviado.
Frank:― Qual o interesse pela Terra ?
PK:― Nenhum interesse específico, simplesmente monitoramos todos que estão ao nosso alcance. Parecido com o que vocês fazem com objetos celestes do seu sistema solar. Com base nos dados que eu coleto, estudiosos podem identificar riscos ou oportunidades.
Frank: ― Conclusão sobre a Terra ?
PK:― Como disse, não faço análise, só monitoro.
* * *
―Os indígenas estão achando que você falou com Deus. Estão com medo.
―Bobagem, com isso não se brinca. Disse Frank, sério. ―Você já pode assumir os contatos Jamal, a máquina tem tradução automática.
Frank imaginava várias possibilidades: um alienígena em outro planeta, um computador em outro planeta ou na terra.
―Eu aposto que é um computador deixado na Terra. Finalizou Frank ―Eu vejo possibilidades, essa tecnologia poderá ajudar. Um computador extremamente poderoso poderá processar modelos matemáticos jamais sonhados. Acredito que as ciências humanas só não são exatas pela falta de computadores suficientemente poderosos. Isso é possível agora.
―O oráculo é um computador ? Dá um tempo! Você teve uma semana dura, acho melhor descansar agora. Aconselhou Jamal.
Na volta, o mesmo uísque, outro Frank, seguro que tinha a solução para os problemas da humanidade.
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2 comentários:
Achei a estória interessante e com bom fluxo de desenvolvimento, mas ficou faltando algum conflito para torná-la completa.
Bem escrito Felipe, o problema a meu ver, como bem comentado pelo Leo é a falta de um conflito. Frank consegue contato e?? Veja falta alguma coisa para complementar. A passagem do diálogo com o computador teria de trazer alguma preocupação ao Frank, alguma novidade bombástica. Afinal para que chamar de Oráculo um simples computador que só coleta os dados e os repassa a seus construtores? Um oráculo dá respostas, mostra alternativas, induz a tomadas de decisões, e nada disso foi apresentado em seu texto. Mesmo assim está bem escrito, sem dúvida.
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