Brinquedos – Silvia Seabridge

182 Palavras



Do magro corpo de criança, adormecido junto ao fogo, aproximaram-se, adquirindo vida, bonecas e outros brinquedos que a menina deixava espalhados à toa pelo quarto.

Cansada, depois de distrair-se com eles por muito tempo, sem outra companhia, só, sempre só, era todas as noites vencida pelo sono perto da lareira onde se aconchegava por causa do frio daquela casa vazia de afeto.

A boneca de pano escocesa, Jenny, a mais querida, sentou-se bem perto, tocou-a, chamando os outros. Queria fazer Rosalee ter um sonho feliz, que ela, no outro dia, acordasse se lembrando de uma vida diferente.

Juntaram as mãos rodeando-a e a mesma mágica que os fizera moverem-se lhes deu força e poderes para interferirem nos sonhos da menina que, sonhando, estava em outro mundo, suas bonecas eram agora meninas iguais a ela, seus brinquedos tinham tamanho real, ela não estava mais só.

E, assim, passou-se aquela noite diferente, pelo menos nos sonhos de uma criança infeliz que, pela manhã, ao abrir os olhos, encontrou seus brinquedos imóveis como sempre, mas em volta dela, como ainda se lembrava de ter sonhado.

———«»———«»———«»———



Súcubo – Ana Carolina Silveira

52 Palavras



Minha amada. Rainha das sombras, senhora dos desejos, dama da luxúria. Aguardo-te, anseio por teu toque, pelo perfume de tua pele, por teus lábios úmidos que me envolvem vagarosamente. Anseio pelo prazer que descobri apenas em ti e te entrego meu corpo e minha vida, para encontrar-te no mais doce sonho.





———«»———«»———«»———



Humilde Pedido – Lucas de Lima Rocha

25 palavras



Caro Morpheus,

Sinto falta de você e peço encarecidamente que volte a atormentar meus sonhos. Preciso de material para meu novo livro.

Ass: Neil Gaiman.



———«»———«»———«»———

Visita Surpresa - Rafael Bertozzo Duarte

147 Palavras

–Oi, Sérgio!

–Ai, que susto! O que você está fazendo aqui?

–Vim te visitar.

–Mas como você conseguiu entrar aqui?

–Sei lá! Acho que a porta estava aberta e fui entrando...

–Mas...

–Puxa, lugarzinho louco esse aqui, hein?

–Mas...

–Sabe? Até que eu gostei... arrumadinho... bem mais arrumado que seu quarto.

–Mas... não pode!

–Tá! Desculpe! Se não me quer já to saindo!

–Não é isso. É que não é possível!

–Como não é possível? Eu estou aqui, não estou?

–É que... é meu sonho! Como se entra no sonho de alguém? Isso é um sonho, é algo particular, só existe dentro da minha mente!

–Olha, se existe, eu estou aqui. Mas se não me quer, tudo bem. Fui! Não estou ofendida não. Se quiser passa lá no meu sonho que será bem-vindo. Passar bem!

–Espera! Cinthia! Como eu entro lá?

Tarde demais. Ela já tinha sumido.

———«»———«»———«»———

Aurora200 – Bruno Marchesi

200 Palavras



10.009DC: tmpo pouco ... devo

escrever estx mensagem ... todos. evento climático 2.109DC

reduzidos 1,5 milhão de espécims...



... ar virou que é hoje, 80% Hélio. prevermos tamanha catástrofe, o Prjeto Peão: rotação Terra teve aumentada,

Sol jamaiss entrasse

contato metade planeta. baixa temPeratura evitaria

combustão

oje chamammos 'heliosfera'.

.. rotação mantida torres meridiano 0,

um pólo a outro, controladas maior

computador

planeta, operado, ttodavia,

humanos.



'Calhoun tentava

concentrar botões e

números das torres seu setor, estava difícil. Difícl poque só Aideen

em sua mente, e só dela

seu coraçção. Mantinha, aind assim,

sob controle, sonnhando dia voltaria vê-la u tê-la bRaços.

tinha esquecido, mensagem chegou: "estou na borda, esperando".

Faltavam apenas 115 horas fim turno, sabia não poderia esperar, mesmo tão pouco ... mãos suavam lembrar quem conseguira acender seus sentimentos.

Col

ocou automático, montou em sua nave

partiu. Toda programação fez perfeita, porém para executá-la, precisaria apertado

«iniciar».

isso, torres seu setor não alteraram a força quando deveriam, junto outros setores,

sistema desequilíbrio.

nnnnada percebeu, pois estava já meio quilômetro sua amada, pode vê-la ao longe, com uma aurora que, depois três mil anos, nascia, mais uma e última vez.'

Diário comandnte: enviar cópia –t 8.000, coddnome "Aurora".



———«»———«»———«»———

Microconto Vencedor da Rodada

Sem título Um – Ana Cristina Rodrigues

27 Palavras

O mundo é meu. Caos e destruição assolam a humanidade. Até que o despertador toque e eu volte a ser apenas o Ajudante Bobo do Mago Malvado.



———«»———«»———«»———

Sem título Dois – Ana Cristina Rodrigues

25 Palavras

Eu sonhei e podia ser verdade. Sonhei com a sua morte. Quando acordei, cobri seu corpo com plantas e fugi para a Terra dos Sonhos.



———«»———«»———«»———

Sonho de um dia de verão – Álvaro Domingues

13 Palavras



De dia, alisando os lençóis, a camareira sonha acordada com noites de cetim.



———«»———«»———«»———



PRUDÊNCIA – Miguel Carqueija

69 Palavras

Nos meus sonhos com freqüência o Rio de Janeiro é assolado por uma onda-monstro que arrasa tudo, avassaladora e dantesca, surgida após a queda de um cometa no oceano Atlântico. O tsunami assassino engolfa, medonho e infando, as ruas e avenidas, os arranha-céus, os seres vivos, só se detendo na raiz da Serra dos Órgãos.

talvez seja tudo apenas um pesadelo. Por via das dúvidas, porém, mudei para Petrópolis...



———«»———«»———«»———



Epifania na mesa do bar - Carlos Relva

29 Palavras



Bebendo entre amigos, descobriu que tudo estava mergulhado na magia maya de Brahma, o caminho para a verdade elevada. Embriagou-se por idéias iluminadas! Esqueceu-as todas já na terceira cerveja...

———«»———«»———«»———


Europa - André Sionek


Não me surpreendo com histórias fantásticas, talvez por vivê-las. Anoto-as num rascunho, depois passo a limpo. Nunca me disseram que os acontecimentos extraordinários dos meus textos nunca ocorreram.

Hoje uma menina veio me visitar, foi obrigada pela professora da escolinha. Com o aparecimento do vírus, os robôs haviam colocado os últimos espécimes humanos em quarentena. A inseminação artificial automatizada resolvia o problema da reprodução sem contágio, porém os chips não conseguiam implantar humanidade nas crianças. Sem relações com semelhantes, elas viravam bichos. Pela vidraça da minha cela pude vê-la ao lado da professora eletrônica. Eu devia discorrer sobre sentimentos sem me prender ao passado.
Como de praxe, falei da raiva, do perdão e do amor. Detive-me neste último, discorri sobre a relação sexual, momento de maior intimidade entre duas almas. Ela ouvia atentamente, sabia o significado formal das minhas palavras, entretanto nunca poderia... Sentir. Quebrando os paradigmas, abriu os lábios e perguntou:
“Por que não posso... sentir isso?”
A professora a pegou pelos ombros, ia levá-la. Gritei antes de saírem:
“Vivemos em Europa, a última colônia habitável do sistema solar. Eles são o vírus! Faça algo!”
Diriam que escrevo sobre sonhos, eu afirmo que não. Talvez um dia possam contestar.



0 comentários:

Postar um comentário