A moça de cabelo cor de abóbora e grandes olhos azuis, enrolada em uma capa de chuva grande mais, entrou furiosa na empoeirada relojoaria, fechando a porta da entrada com violência.
Do outro lado do balcão gasto de madeira escura, uma senhora com fones de ouvido tinha e revista de palavras cruzadas diante dos olhos não notou a entrada da moça, que ficou um tanto decepcionada por não ter causado o efeito que havia planejado causar quando chegasse.
Ainda decida a despejar sua fúria contida, bateu deseducada na revista a fim de chamar a atenção da mulher. Viu então, por trás das folhas de papel, emergirem desgostosos e ameaçadores pequenos olhos pretos e uma boca fina e reta destilando desgosto pela interrupção.
- Não bum! - Exclamou a moça apontando para o próprio tórax com uma das mãos, enquanto a outra segurava a capa de chuva fechada.
- O doutor está ocupado. Fique a vontade se resolver esperar - Respondeu a mulher com desdém antes de desaparecer por trás da revista.
Por longos minutos a moça andou impaciente de um lado para outro do pequeno cômodo pouco iluminado sem prestar atenção aos armários recobertos de vidro que guardavam relógios mecânicos de todos os tipos e épocas, e que enchiam o local com um ruído irritante. Por duas vezes ela fez menção de ir novamente até a mulher exigir ser atendida logo, mas só de olhar para a revista de palavras cruzadas que escondia seu rosto, mudava de idéia prontamente.
Finalmente a porta por trás do balcão foi aberta e um robô doméstico saiu carregando uma caixa embrulhada em papel pardo. Então a mulher fez um sinal com a mão gorda e enrugada para a moça para que entrasse.
Dentro do cômodo amplo dominado por uma larga bancada de trabalho
profusamente iluminada, encontrou o homenzinho magro de terno com gravata borboleta e avental com algumas manchas de graxa. Um jazz baixinho e triste preenchia o ambiente e parecia tornar quase imperceptível o ruído das dezenas de relógios espalhados em prateleiras.
- Não esperava ver a senhorita outra vez - Disse o homenzinho - O que a traz aqui?
- Não bum! - Disse a moça como havia feito para a mulher do balcão,
apontando veemente para o próprio tórax.
- Você deu corda no relógio como ensinei? - Perguntou o homenzinho como se a moça somente repetisse algo que há muito ele já se cansada de perguntar.
- Precisar controle remoto - Disse depois de assentir afirmativamente com a cabeça respondendo a pergunta.
- Para você passar pelos detectores da polícia tive de usar um relógio
mecânico, então para esse dispositivo o controle remoto é uma função não disponível. Entendeu? Deixe-me vê-lo - Respondeu o homem fazendo um sinal para que se aproximasse.
A moça se aproximou e abriu a capa de chuva um pouco envergonhada, revelando uma dezena de potentes blocos de explosivo presos ao seu corpo por tiras de tecido plastificado por cima de sua pele nua e interligados por fios espiralados azuis e vermelhos que confluíam para um dispositivo mecânico entre seus seios, no qual o longo ponteiro dos segundos dava os últimos saltos para se encontrarem com seus irmãos estacionados sobre umd os
antiquados numerais romanos.
BUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMM.
Do outro lado do balcão gasto de madeira escura, uma senhora com fones de ouvido tinha e revista de palavras cruzadas diante dos olhos não notou a entrada da moça, que ficou um tanto decepcionada por não ter causado o efeito que havia planejado causar quando chegasse.
Ainda decida a despejar sua fúria contida, bateu deseducada na revista a fim de chamar a atenção da mulher. Viu então, por trás das folhas de papel, emergirem desgostosos e ameaçadores pequenos olhos pretos e uma boca fina e reta destilando desgosto pela interrupção.
- Não bum! - Exclamou a moça apontando para o próprio tórax com uma das mãos, enquanto a outra segurava a capa de chuva fechada.
- O doutor está ocupado. Fique a vontade se resolver esperar - Respondeu a mulher com desdém antes de desaparecer por trás da revista.
Por longos minutos a moça andou impaciente de um lado para outro do pequeno cômodo pouco iluminado sem prestar atenção aos armários recobertos de vidro que guardavam relógios mecânicos de todos os tipos e épocas, e que enchiam o local com um ruído irritante. Por duas vezes ela fez menção de ir novamente até a mulher exigir ser atendida logo, mas só de olhar para a revista de palavras cruzadas que escondia seu rosto, mudava de idéia prontamente.
Finalmente a porta por trás do balcão foi aberta e um robô doméstico saiu carregando uma caixa embrulhada em papel pardo. Então a mulher fez um sinal com a mão gorda e enrugada para a moça para que entrasse.
Dentro do cômodo amplo dominado por uma larga bancada de trabalho
profusamente iluminada, encontrou o homenzinho magro de terno com gravata borboleta e avental com algumas manchas de graxa. Um jazz baixinho e triste preenchia o ambiente e parecia tornar quase imperceptível o ruído das dezenas de relógios espalhados em prateleiras.
- Não esperava ver a senhorita outra vez - Disse o homenzinho - O que a traz aqui?
- Não bum! - Disse a moça como havia feito para a mulher do balcão,
apontando veemente para o próprio tórax.
- Você deu corda no relógio como ensinei? - Perguntou o homenzinho como se a moça somente repetisse algo que há muito ele já se cansada de perguntar.
- Precisar controle remoto - Disse depois de assentir afirmativamente com a cabeça respondendo a pergunta.
- Para você passar pelos detectores da polícia tive de usar um relógio
mecânico, então para esse dispositivo o controle remoto é uma função não disponível. Entendeu? Deixe-me vê-lo - Respondeu o homem fazendo um sinal para que se aproximasse.
A moça se aproximou e abriu a capa de chuva um pouco envergonhada, revelando uma dezena de potentes blocos de explosivo presos ao seu corpo por tiras de tecido plastificado por cima de sua pele nua e interligados por fios espiralados azuis e vermelhos que confluíam para um dispositivo mecânico entre seus seios, no qual o longo ponteiro dos segundos dava os últimos saltos para se encontrarem com seus irmãos estacionados sobre umd os
antiquados numerais romanos.
BUUUUUUMMMMMMMMMMMMMMMM.
F I M
1 comentários:
Achei muito bom o texto. Estranho é que sem saber do seu miniconto, eu sugeri na lista algo com homem-bomba e terrorismo e relógio :)
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