542 Palavras
“Façam as perguntas certas”.
Assim, num tom ameaçador, finalizava a mensagem que a grande nave alienígena enviara à Terra.
De acordo com os “visitantes”, nós estávamos prestes a alcançar uma importante etapa tecnológica, que repercutiria em todas as demais civilizações da Via Láctea, e as perguntas – somente três – deveriam ser feitas pessoalmente a uma estranha máquina deixada na Lua. Um teste fundamental para que fôssemos admitidos na comunidade galáctica.
Evidentemente, e como deixaram bem claro, fazer a óbvia pergunta “quais são as três perguntas certas”, estava fora de questão. Trapaças do tipo seriam irremediavelmente punidas.
Devemos fazer as perguntas? Indagavam-se alguns líderes mundiais nas intermináveis reuniões que se seguiram. Podemos adiá-las até quando? Questionavam-se outros. Quem nós devemos enviar? Como nos comunicaremos com a “coisa”?
Além disso, teorizavam alguns, a gigantesca máquina cúbica, que podia ser vista da Terra e agora era chamada pertinentemente de Oráculo, armazenava uma energia incomensurável. Era prudente não brincar com tal artefato!
Por fim, decidiram enviar um grupo de “Notáveis” para lá. Formado por homens e mulheres de diversas nações, representavam nossos melhores cientistas, filósofos e artistas.
– Como você pode ajudar a humanidade? – foi a primeira pergunta feita pelos Notáveis. E as nações da Terra, apreensivas, assistiam a transmissão enviada da Lua, com um pequeno atraso.
– Pergunta promissora – respondeu a máquina. – Segundo Taankox, mostra que sua civilização é esperançosa. E respondendo-a, sim, já comecei a ajudar a humanidade.
Mas, ao contrário do que o entusiasmado grupo de astronautas poderia imaginar, a resposta não causou um efeito positivo na Terra. A opinião pública mundial a achou vaga e imprecisa. A pergunta foi mal formulada? Os Notáveis eram realmente tão notáveis assim? Quem os havia escolhido? A máquina estava jogando conosco? Ela podia trapacear e nós não? Quem era esse tal de Taankox? Algum intelectual alienígena?
Começou um grande mal-estar na Terra. Os responsáveis pela missão pediram algum tempo aos Notáveis. Talvez um mês, dois. Queriam refletir sobre a resposta da máquina.
Enquanto isso, crises começaram a ocorrer no mundo. Primeiro, tumultos isolados e atos de violência. Depois, países ameaçando países. Tensões intercontinentais. Perigo de uso nuclear! E, em meio a tudo, surgiram hipóteses de destruição da máquina alienígena.
Então, finalmente, uma segunda pergunta foi feita ao Oráculo. E desta vez formulada na Terra e não pelos Notáveis, que já estavam com poucos suprimentos no módulo habitacional e prontos a abandonar a missão. Só precisaram retransmitir a pergunta à máquina:
– Você pode se autodestruir, sem oferecer riscos aos humanos?
– Afirmativo – respondeu o Oráculo, já começando a se desmantelar. – Infelizmente, segundo Taankox, a pergunta não foi tão boa desta vez. Evidencia xenofobia, medo de que o desconhecido seja ameaçador. Isso pode acarretar um grande perigo a comunidade galáctica. Autodestruição do complexo ecossistêmico em andamento...
“Ecossistema?”, indagavam-se os Notáveis.
E enquanto podiam ver as explosões nucleares eclodindo na Terra, a apocalíptica resposta humana às palavras do Oráculo, tudo pareceu bem claro. Notáveis realmente eram Taankox e seu teste: tente destruir o outro e se destrua no processo!
E o ecossistema, evidentemente, era a última chance da civilização testada se reerguer num mundo provisório, recomeçando seu avanço.
Desesperadamente, sem consultar os demais, um Notável fez a derradeira pergunta:
– Você pode parar a autodestruição?
Mas a moribunda máquina já não podia mais responder.
“Façam as perguntas certas”.
Assim, num tom ameaçador, finalizava a mensagem que a grande nave alienígena enviara à Terra.
De acordo com os “visitantes”, nós estávamos prestes a alcançar uma importante etapa tecnológica, que repercutiria em todas as demais civilizações da Via Láctea, e as perguntas – somente três – deveriam ser feitas pessoalmente a uma estranha máquina deixada na Lua. Um teste fundamental para que fôssemos admitidos na comunidade galáctica.
Evidentemente, e como deixaram bem claro, fazer a óbvia pergunta “quais são as três perguntas certas”, estava fora de questão. Trapaças do tipo seriam irremediavelmente punidas.
Devemos fazer as perguntas? Indagavam-se alguns líderes mundiais nas intermináveis reuniões que se seguiram. Podemos adiá-las até quando? Questionavam-se outros. Quem nós devemos enviar? Como nos comunicaremos com a “coisa”?
Além disso, teorizavam alguns, a gigantesca máquina cúbica, que podia ser vista da Terra e agora era chamada pertinentemente de Oráculo, armazenava uma energia incomensurável. Era prudente não brincar com tal artefato!
Por fim, decidiram enviar um grupo de “Notáveis” para lá. Formado por homens e mulheres de diversas nações, representavam nossos melhores cientistas, filósofos e artistas.
– Como você pode ajudar a humanidade? – foi a primeira pergunta feita pelos Notáveis. E as nações da Terra, apreensivas, assistiam a transmissão enviada da Lua, com um pequeno atraso.
– Pergunta promissora – respondeu a máquina. – Segundo Taankox, mostra que sua civilização é esperançosa. E respondendo-a, sim, já comecei a ajudar a humanidade.
Mas, ao contrário do que o entusiasmado grupo de astronautas poderia imaginar, a resposta não causou um efeito positivo na Terra. A opinião pública mundial a achou vaga e imprecisa. A pergunta foi mal formulada? Os Notáveis eram realmente tão notáveis assim? Quem os havia escolhido? A máquina estava jogando conosco? Ela podia trapacear e nós não? Quem era esse tal de Taankox? Algum intelectual alienígena?
Começou um grande mal-estar na Terra. Os responsáveis pela missão pediram algum tempo aos Notáveis. Talvez um mês, dois. Queriam refletir sobre a resposta da máquina.
Enquanto isso, crises começaram a ocorrer no mundo. Primeiro, tumultos isolados e atos de violência. Depois, países ameaçando países. Tensões intercontinentais. Perigo de uso nuclear! E, em meio a tudo, surgiram hipóteses de destruição da máquina alienígena.
Então, finalmente, uma segunda pergunta foi feita ao Oráculo. E desta vez formulada na Terra e não pelos Notáveis, que já estavam com poucos suprimentos no módulo habitacional e prontos a abandonar a missão. Só precisaram retransmitir a pergunta à máquina:
– Você pode se autodestruir, sem oferecer riscos aos humanos?
– Afirmativo – respondeu o Oráculo, já começando a se desmantelar. – Infelizmente, segundo Taankox, a pergunta não foi tão boa desta vez. Evidencia xenofobia, medo de que o desconhecido seja ameaçador. Isso pode acarretar um grande perigo a comunidade galáctica. Autodestruição do complexo ecossistêmico em andamento...
“Ecossistema?”, indagavam-se os Notáveis.
E enquanto podiam ver as explosões nucleares eclodindo na Terra, a apocalíptica resposta humana às palavras do Oráculo, tudo pareceu bem claro. Notáveis realmente eram Taankox e seu teste: tente destruir o outro e se destrua no processo!
E o ecossistema, evidentemente, era a última chance da civilização testada se reerguer num mundo provisório, recomeçando seu avanço.
Desesperadamente, sem consultar os demais, um Notável fez a derradeira pergunta:
– Você pode parar a autodestruição?
Mas a moribunda máquina já não podia mais responder.
2 comentários:
Ui... Um 2001 soturno. Bacana, aproveito legal o tema e tem um andamento legal. Fez em forma de fábula, onde faz o próprio leitor se colocar como parte do conflito, para afinal extrair alguma lição. Bom exercício.
Um Aladin e sua lâmpada maravilhosa reestudado de forma criativa e original. Sem dúvida evidencia o temor humano diante do novo e desconhecido. O que acontece com a máquina acaba por acontecer com a Terra:
- ao responder a primeira pergunta provoca um "frisson" no planeta que leva a conflitos
- ao responder a segunda pergunta dá inicio a seu auto-suicídio.
E assim não pode responder a terceira e decisiva pergunta. E na Terra o clarão de diversas explosões nucleares iluminna o mundo.
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