529 Palavras

Quando seus pais compraram a casa que um dia pertencera à família de Wendy, a mudança para Inglaterra pareceu menos pesada para Alice. Apesar de não ser mais criança, ainda era excitante poder deitar na cama de Wendy e dormir de vez em quando com a janela aberta, às espera de Peter Pan. "Isso nunca aconteceria", pensou.

Mas um dia quando Alice iniciou seu caminho de volta das aulas sozinha, alguém lhe passou a mão. Virou-se a procura do atrevido e não viu nada. Seguiu o caminho, disposta a dar um soco no safadinho. Apesar da atenção redobrada, o safado tocou-lhe os seios! Vermelha de raiva e de vergonha, com a mão espalmada pronta para um bofetão.... e nada! O espertinho era rápido demais.

O assédio a acompanhou até sua casa, irritando-a muito. Ao entrar, tentou se certificar de que ninguém a espreitava, e entrou de pressa. Mas sentiu que alguém invisível passar por ela, tomando a dianteira.

Durante o jantar, ficou calada. Seus pais estranharam e perguntaram sobre a causa. Após algumas evasivas, eles a deixaram em paz.

No quarto, teve sonhos eróticos. Já os tivera antes, mas não daquela forma. Muito realistas e um sexo intenso e constante. Isso a assustou mais do que excitou. Levantou-se sobressaltada e acendeu a luz da cabeceira. A luz iluminou-a e mostrou sua sombra na parede. Ela custou a conter um grito que se formava em sua garganta. Sua sombra estava em louca orgia com a sombra de um rapaz!

Procurou aterrorizada em seu quarto quem projetava aquela sombra e não viu ninguém. Tentou se acalmar e com a cabeça um pouco mais fria, lembrou-se do início da aventura de Peter Pan. A sombra fujona!

Correu então abrir a janela. Peter Pan que viesse e levasse embora aquela sombra safada!

Não precisou esperar muito. Pela janela entrou voando um rapaz de cerca de 16 anos (Peter crescera!). Foi direto à sombra, tentado arrancá-la força de suas atividades mais interessantes.

Alice trancou a janela. E gritou:

-- Peter! Seu safado!

Ele olhou assustado. Gaguejou tentando se desculpar e ficou rubro como uma maçã. Alice riu e disse:

-- Sua sombra é mais esperta que você!

Ele a olhou encabulado e respondeu:

-- Desculpe por ela! Ela tem me dado muito trabalho. Wendy a costurou para mim, mas a linha esgarçou com o tempo. E toda vez que ela foge de mim, vem pra o mundo real. E indo atrás dela eu cresço um pouquinho... Se ela fugir mais uma vez, não conseguirei voltar à Terra do Nunca. Você me ajuda?

Alice pegou a sua cesta de costuras. Tirou de lá de dentro uma tesoura e cortou a ligação com sua própria sombra!

Peter olhou-a incrédulo e reclamou:

-- Sem minha sombra não posso voltar a Terra do Nunca!

Alice sorriu e o beijou. Ela percebeu sua relutância.

-- Peter, crescer é uma aventura maravilhosa!

E novamente o beijou.

Sua janela tem ficado sempre aberta. Seus amigos passaram a estranhar por que ela não faz sombra. E a polícia tem relatado ações de um ladrão muito esperto e fugaz, tão fugaz que as vítimas relatam que ele sai voando da cena do crime...

2 comentários:

ABELARDO DOMENE PEDROGA disse...

Interessante usar a velha história de Peter Pan e de sua sombra. O texto está bem escrito, mas a estória, talvez por já ser velha e largamente conhecida mereceria um tratamento melhor. O final com Peter se transformando em um ladrão não faz justiça ao caráter do personagem, ao menos na minha opinião.

Aguinaldo disse...

Um conto muito bom, só precisa de alguns pequenos ajustes. Por ex.: a Alice no começo parece agir mais como criança do que como adolescente por causa de algumas palavras e atitudes...
OBS: Alice e Wendy eram inglesas, portando não faz sentido a ‘mudança para a Inglaterra’... :)

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